Pragas de Produtos Armazenados
As pragas de produtos armazenados são um problema a ser resolvido por quem tem a responsabilidade de manter e garantir a qualidade para comercialização. Um inseto-praga em qualquer produto destinado a alimentação trará preocupações e custos associados para o gestor, comprometendo a qualidade, a marca, a empresa e o negócio, com prejuízo às partes. As perdas por pragas em armazéns, a presença de insetos adultos, larvas e fragmentos em derivados alimentares, a deterioração dos produtos, a possível contaminação com fungos e consequente micotoxinas, os possíveis efeitos na saúde humana e animal, e as dificuldades para comercialização dos produtos tanto no consumo interno quanto na exportação, são algumas das consequências da infestação de pragas de armazenamento de produtos que podem acontecer para as empresas.
Existem várias espécies de pragas que ocorrem nos produtos armazenados e podem ser classificadas em dois grupos, como as pragas principais que frequentemente estão presentes e as pragas eventuais que aparecem as vezes nos produtos e nas estruturas armazenadoras e não causam danos diretos. A correta identificação da praga é fundamental para o armazenador, pois dependendo da espécie existe o dano associado, potencial de causar prejuízo e o método de controle a ser usado. Como exemplo, no grupo de pragas principais podem ser citadas Rhyzopertha dominica, Sitophilus oryzae, S. zeamais, Lasioderma serricorne, Tribolium castaneum, Oryzaephilus surinamensis, Cryptolestes ferrugineus, Ephestia cautella, Sitotroga cerealella, Liposcelis bostrychophila, E. kuehniella, E. elutella, Lophocateres pusillus, Plodia interpunctella e Acanthoscelides obtectus. As pragas eventuais são Gnathocerus cornutus, Ahasverus advena, Araecerus fasciculatus, Carpophilus hemipterus, Carpophilus dimidiatus, Cathartus quadricollis, Cryptolestes pusillus, Oryzaephilus mercator, Tribolium confusum, Zabrotes subfasciatus, Stegobium paniceum e Corcyra cephalonica. Ainda as espécies podem ser agrupadas em primárias e secundárias, conforme o hábito alimentar, ou mesmo em grupos taxonômicos como besouros e traças [1][2][3][4]. O importante é identificar a espécie de praga que ocorre na estrutura de armazenamento, pois esta irá direcionar o manejo integrado de pragas.
Classificação das Pragas
Pelo hábito alimentar podemos classificar as pragas de armazenamento como primárias e secundárias, como segue:
Pragas primárias
São aquelas que atacam grãos e sementes inteiras e sadias e, dependendo da parte que atacam, podem ser denominadas pragas primárias internas ou externas. As primárias internas perfuram os grãos ou sementes e penetram para completar seu desenvolvimento. Alimentam-se de todo o interior do grão ou da semente e possibilitam a instalação de outros agentes de deterioração, como fungos. Exemplos dessas pragas são as espécies Rhyzopertha dominica, Sitophilus oryzae e S. zeamais. Já as pragas primárias externas destroem a parte exterior do grão ou semente e, posteriormente, alimentam-se da parte interna sem, no entanto, se desenvolverem no interior. Há destruição do grão ou semente apenas para fins de alimentação. Exemplo desta praga é a traça Plodia interpunctella [3].
Pragas secundárias
São aquelas que não conseguem atacar grãos ou sementes inteiras, pois requerem que o produto esteja danificado ou quebrado para poder se alimentar. Essas pragas ocorrem nos produtos quando estes estão trincados, quebrados ou mesmo danificados por pragas primárias. Multiplicam-se rapidamente e causam prejuízos elevados. Como exemplo, citam-se as espécies Cryptolestes ferrugineus, Oryzaephilus surinamensis e Tribolium castaneum [3].
Outras classificações
Também pode-se agrupar as pragas de produtos armazenados pela taxonomia, como besouros e traças. Entre os besouros pode-se citar as espécies R. dominica, Sitophilus oryzae, S. zeamais, T. castaneum, O. surinamensis, C. ferrugineus, Lasioderma serricorne, entre outras. As espécies de traças mais importantes são Sitotroga cerealella, P. interpunctella, Ephestia kuehniella e Ephestia elutella.
Além destes insetos-praga, existem os roedores e pássaros que podem causar perdas importantes na armazenagem, principalmente qualitativas, pela sujeira que deixam no produto final e a possível transmissão de outros contaminantes aos produtos armazenados, que devem ser considerados no manejo integrado.
A descrição morfológica, a biologia e os danos de cada espécie-praga devem ser conhecidos, para determinar a melhor estratégia de manejo integrado a ser adotada e evitar os prejuízos.